09/01/2009 – Na Relação com os Incontentáveis.
Benjamin Teixeira
pelo espírito Lidiane.
Se você se sente exaurido, com um cônjuge insistente, abusivo e tirânico, sempre disposto a dizer que você não merece receber o que ele lhe dá e, ao mesmo tempo, lhe cobrar mais do que você lhe possa oferecer, é hora de considerar um afastamento, ainda que parcial ou provisório.
A analogia serve para todos os níveis e naturezas de relacionamento. “Níveis”, considerando o grau de intimidade havido entre as partes. “Natureza”, referindo-nos ao tipo de vínculo existente na relação. Assim, filhos e pais, colegas e amigos, sócios e chefes, funcionários e subalternos ou prestadores de serviço – seja qual for o caráter e grau de intimidade na relação que entreteça com alguém, havendo indícios de cobrança exagerada, não parta a tentar (em vão) satisfazer o que se lhe pede, pois que estará alimentando a roda-viva (e sinistra) de um vínculo de co-dependência ou de mútua tortura psicológica, em que ninguém nunca está satisfeito, e onde todos se acusam reciprocamente da própria infelicidade, sem que alguém pare para cogitar da responsabilidade pessoal de cada criatura envolvida nos dramas humanos, ainda quando se porte de modo passivo – o que indica cumplicidade silenciosa com o que ocorre consigo. Estando diante do insaciável, recue, para que a pessoa valorize o que você lhe oferece e aprenda a respeitar seus sentimentos e seus direitos, no trato tácito que estabeleceu, no convívio com ela.
Se seu coração tem quotas de amor largas a ofertar, mesmo assim detenha seu impulso de doar-se ainda mais. Ofereça, em vez disso, a outras criaturas, em escala de proximidade ou em feitio de contato diverso do que mantém com a personalidade com quem está sofrendo conflitos de exigências exacerbadas.
Tenha muito cuidado, principalmente, se a ligação for muito íntima. Mães tendem a converter generosidade em automartírio. Esposas apaixonadas tendem a dar mais de si mesmas, no afã inglório de saciar os apetites incontentáveis de consortes sádicos, caprichosos, insensíveis e injustos.
Portanto, quando vir que o muito amor que concede a alguém está sendo insuficiente, é tempo de dar menos a este indivíduo, sem qualquer preocupação, porquanto, se o liame afetivo que os una for verdadeiro, a patologia do narcisismo, da manipulação de culpa e do abuso de poder tenderá a ser amenizada ou mesmo eliminada. Todavia, se o objeto de seu amor “desistir” da relação, porque você impôs barreiras de auto-respeito e autopreservação, é sinal claro isso de que nunca o amou de verdade, implicando dizer que será muito bom caso ele venha, então, a se distanciar, de molde a que você libere espaço em sua existência e em seu coração, para outras pessoas, bem mais maduras e afinadas com seu genuíno modo de ser, amar e viver.
(Texto recebido em 8 de janeiro de 2009. Revisão de Delano Mothé.)