Esta é a mensagem que será estudada em nosso grupo de estudos, desta quarta, dia 04/02/09.
Diálogo sobre Tédio, Sensação de Vazio, como Superação do Sistema Egóico de Consciência.
em diálogo com o espírito Eugênia.
(Eugênia) – Creio que possamos começar com a carta a seu amigo de Maceió.
(Benjamin) – Que ótimo, Eugênia! Obrigado! Estava esperando que você atendesse ao pedido dele, no que concerne à consulta feita na semana passada, por meu intermédio.
(E) – Estamos considerando, antes que os elos do coração, os interesses coletivos. Ele nos merece uma atenção especial agora, porque está se dispondo a colaborar com nossa causa de ajudar milhares de pessoas a despertarem para a verdadeira vida.
(B) – Que bom que está vendo assim e que reconhece isso…
(E) – Conhecemos o fundo dos corações, meu filho.
(B) – E o que lhe teria a dizer sobre o fato de nosso consulente achar sua vida sempre difícil e travada em todos os sentidos? Pediu-me perguntasse se há algum alerta que você, em nome da Espiritualidade Sublime, pudesse-lhe fazer, de molde a que, então, viesse a se emendar e propiciar que os acontecimentos fluíssem melhor na existência dele.
(E) – A pergunta veio muito a calhar. Mas cremos que você mesmo tenha notado um ponto nevrálgico que constitui o busílis da questão, no transcurso da conversa que teve com seu companheiro de ideal. Ele mesmo fez questão de dizer que sente faltar algo em sua vida, que é essencial – falta esta que causa uma sensação de vazio impreenchível. Curiosamente, o próprio amigo já pressente a natureza desta falta: uma fome de caráter espiritual, uma busca pelo numinoso, pelo transcendental, que não pode mais ser procrastinada. O “milagre moral” a que ele foi submetido, após preleção nossa, invocando a Presença e Intercessão de Jesus, não se deu ao acaso também (*1). Ele se está mostrando fértil a esta semeadura do Alto, quanto sequioso de que a Linfa Divinal lhe venha ao coração, irrigando-lhe a gleba árida do espírito, ressequido pelos duros embates e a canícula causticante, no deserto das relações profissionais humanas, quase sempre regidas por competitividade e agressividade exacerbadas, completamente desconectadas do sentimento de humanidade e respeito pelos interesses e necessidades alheios.
Falamos, acima, que esta busca de ordem transcendental ou espiritual, que lhe surge, palpitante e quase dolorosa, na forma de um tédio, uma modorra ou uma desmotivação profunda a viver, não pode mais ser adiada, por uma razão: o nosso irmão em Cristo encerrou o ciclo de amadurecimento psicológico do ego. Não no sentido de que deva solapar, de todo, as expressões emocionais e mental-operacionais relacionadas à mente de vigília, ao núcleo decisório da personalidade que constitui o ego. Este centro deliberativo vai existir e deve subsistir sempre, durante o tempo em que a criatura se encontrar insulada em corpos físicos, e mesmo além deles, no domínio extrafísico de existência, enquanto estiver no nível humano de consciência. Quando dizemos que ele “esgotou” o ciclo, queremos afirmar que o período evolutivo em que o ego precisa ter prevalência sobre outras funções da psique saturou-se para ele. Isso implica dizer que, se o companheiro não trafegar para atividades, tarefas, ocupações, vivências, interesses e valores de ordem transpessoal – ou seja: acima do plano pessoal (ou egóico) de consciência –, nada funcionará apropriadamente em seu destino, podendo mesmo haver processos de ruptura e disfunção muito graves, como fracasso profissional, falência do matrimônio e de outros departamentos de sua vida pessoal, como a saúde física e o bem-estar íntimo. Ele deve, portanto, dedicar-se a obras, ideais, causas – com que se afine, obviamente – que correspondam e atendam a esta sua premência de espiritualidade.
(B) – Isso significa dizer que esta aproximação com nossa Instituição seria um caminho bom para ele?
(E) – Você se expressou bem ao colocar o artigo indefinido na sua interrogação: “um”, já que a nossa não é a única senda para Deus – embora possa ser a preferencial para ele, em particular, conforme escalas de afinidade que somente o próprio pode aferir, já que a opção de vida será dele. A nossa Causa é uma boa alternativa, evidentemente, pois que os encontros não são casuais, e ele chegou a nos consultar e a se apresentar receptivo à nossa orientação. Todavia, qualquer doutrina ou tradição espiritual pode se fazer genuína rota para a Divindade, quando seguida com sinceridade e devoção. A questão toda é haver algum nível de paridade principiológica entre o discípulo e sua opção ideológico-relígeo-filosófica, para que ele se sinta “em casa”. Neste sentido, julgamos que nossa Escola de Pensamento seja apropriada o amigo-consulente, em considerando que se trata de homem inteligente, instruído, viajado e moderno, pouco afeito a submeter-se a sistemas castradores das liberdades individuais e eivados de preconceitos anacrônicos. Nosso sistema, focado em lastrear cientificamente (ou pelo menos de modo racional) nossas proposições psicoespirituais e em apresentar um foco pragmático na administração da própria existência, em função de uma finalidade espiritual de felicidade, sem dúvida se coaduna, a nosso ver, em muito, com seu perfil de personalidade – como homem encaixado no modelo ianque do “self-made-man” –, levando-o a se sentir bem à vontade.
(B) – Você poderia, querida Eugênia, detalhar algumas sugestões práticas para ele melhorar imediatamente esta relação com a fome de Espiritualidade? Como poderia ele aplacar um pouco esta necessidade?
(E) – Oração diária – indiscutivelmente, seria o primeiro tópico aventado e sugerido. Ele – nem ninguém – poderia sair de casa ou iniciar qualquer atividade, sem se dedicar a, no mínimo, 15 minutos de conversação-meditação com e/ou em torno da Figura de Deus ou de um de Seus Representantes, como Nosso Senhor Jesus ou Nossa Amantíssima Mãe e Senhora, Maria de Nazaré. Um segundo item seria aquele que você lhe propugnou providenciar, no diálogo fraterno que entabularam: a freqüência semanal a uma reunião hebdomadária para culto espiritual. O terceiro é exatamente este que desencadeou e promoveu a autorização para que pudéssemos falar diretamente com o companheiro: o fato de ele cooperar com a disseminação da Luz Espiritual, no âmbito do mundo material de vida. Quem colabora com a Luz Divina é o primeiro a ser iluminado. A Lei de Justiça, neste universo do Ser Todo Amor e Perfeição, é indefectível, mormente quando se trata de matérias sagradas como a com que lidamos: divulgação de princípios humanístico-espirituais, com um respaldo moderno e palatável aos cidadãos mais esclarecidos das comunidades humanas de encarnados.
(B) – Amada Eugênia, nosso amigo esperava que você apontasse falhas morais ou deslizes de conduta para que ele os corrigisse.
(E) – (Risos) E você acha pouco o que indicamos? “Buscai primeiramente o Reino dos Céus e Sua Justiça, e todas as demais coisas se vos serão acrescentadas” (*2), lecionou Nosso Mestre Maior. Os deslizes de conduta, sentimento ou pensamento ficam muito mais freqüentes e profundos, quando a criatura se mantém distanciada de seu Criador. Logo, refazendo a comunhão com a Origem de Todo Poder e Solução, o demais naturalmente será resolvido, porquanto toda problemática perde importância e força, no concerto dos vetores mentais que constituem a psique total – múltipla e mutante, por natureza, porque em processo de integração e evolução, contínuo.
(B) – Eugênia, você falou sobre nível egóico, passando ao nível transpessoal, como uma fase seguinte de evolução. Poderia falar algo sobre a dimensão de consciência anterior à egóica?
(E) – Sim. Ela pode ser denominada de “pré-egóica” ou “pré-pessoal”. Está no capítulo do que alguns psicólogos franceses denominaram de “participation mystique” (*3). É o patamar tribal de consciência. Os elementos constituintes de uma aldeia funcionam como se fossem parte de um corpo mental único. Podem, destarte, agir com arroubos de auto-sacrifício que facilmente nos remeteriam em pensamento ao espírito de martírio e renúncia dos anjos, mas essas personalidades primitivas gravitam, em verdade, em torno do outro extremo do espectro evolucional: eles não cogitam de si mesmos, ao tomarem uma iniciativa de defesa do grupo em que sofram prejuízo pessoal, visto que não têm consciência clara do “si-mesmo”. Já o ser que trafega para o plano “supra-racional” ou “transpessoal” de evolução tem plena consciência de si, mas está disposto a sacrificar os próprios interesses, em prol dos interesses de uma Causa Maior, ainda que seja esta relacionada a algumas poucas pessoas. O silvícola original (*4) que age, por impulso, na direção do bem comum, assim o faz como um inseto social (*5) operando no circuito complexo do funcionamento de seu grupo. Em contrapartida, o santo que entrega seu corpo, sua alma e sua vida, por um ideal, age como a mãe que se permite “vampirizar”, no seio exposto ao rebento, apesar de poder estar igualmente faminta, dando do que não tem, a benefício do fardo precioso de seu coração: o filho-bebê. Sabemos que o elemento instintual ainda está presente, nesta analogia com a figura de mãe, mas pedimos desculpas pela limitação da metáfora, pela falta de outra que melhor represente os “instintos sublimes” de amor incondicional que nutre e move as almas dos seres realmente redimidos, que alcançaram um nível sobre-humano de consciência, o que, na doutrina budista, denomina-se de “bodhisatwas” – budas da compaixão, indivíduos iluminados, que renunciam ao regozijo pessoal de mergulhar no nirvana, definitivamente, para servir, sem intenção de retribuição, aos seres menos evoluídos da criação, favorecendo-lhes e acelerando-lhes a chegada ao mesmo porto excelso de ventura e bem-aventurança eternas.
(B) – Você autoriza prepararmos uma reunião mediúnica íntima, como prometemos a nosso irmão, de molde a que ele possa ter a bênção de sua visita, por meio da incorporação em minha muito limitada pessoa?
(E) – Não o consideramos limitado – não para este fim (risos) –, nem vemos nossa visita como uma bênção, a não ser que nos considere uma Representante de Maria Santíssima: Ela, sim, Fonte inexaurível do Amor Imaculado de Deus, que nos quer nutrir a todos, repletando-nos de paz e de felicidade, em todos os sentidos. Sim, autorizamos a visita para o intercâmbio medianímico.
(B) – Agradecido, Eugênia.
(E) – Transformemos nossa gratidão em mobilização pelo bem comum. A Espiritualidade Sublime é regida por regras inamovíveis no sentido de devotar maior auxílio aos que mais socorros prestam a seus irmãos em humanidade. Desejosos, então, de maior atenção do Plano Superior de Vida, façamo-nos canais d’Ele para nossos semelhantes. Exortamo-los todos, assim, a darem continuidade, sem desânimo, a projeto que encetaram, de expansão de nosso trabalho de divulgação em terras alagoanas. Que nosso prezado amigo medite na extensão de méritos que lhe serão atribuídos, pelo simples fato de favorecer que uma mensagem não catequética ou doutrinária de Espiritualidade e Humanismo chegue a milhares de corações sofridos e desesperados, dos dois lados da vida, e terá notícia da chuva de bênçãos e graças que atrairá para sua existência.
(B) – Mais algo a dizer, adorada Eugênia?
(E) – Não, satisfeita.
(Diálogo mediúnico travado em 11 de janeiro de 2009. Revisão de Delano Mothé.)
(*1) Provocado por uma visita à nossa Instituição, após ter presenciado uma palestra de Benjamin Teixeira, o referido companheiro pediu em prece a graça de deixar o tabagismo, não mais vindo a sentir, desde então, necessidade do cigarro.
(Nota da Equipe Salto Quântico)
(*2) Evangelho Canônico de Mateus, 6:33.
(*3) Se não me falha a memória, estudos sobre “psicologia primitiva”, levados a cabo por Lévy-Bruhl, grande psicólogo francês de meados do século passado.
(*4) Eugênia os distingue de autóctones componentes de tribos civilizadas da atualidade, às vezes bem inseridas no seio da cultura pós-moderna.
(*5) formigas, cupins, abelhas, vespas, etc.
(Notas do Médium)