Mensagem a ser estudada nesta quarta, dia 25/02:
Trágica e Milenar Perversão do Cristianismo.
Benjamin Teixeira pelo espírito Eugênia.Articule a esperança, um pouco todos os dias. Às vezes, o céu enegrecido demora um pouco para iluminar-se. Mas isso não quer dizer que a treva seja permanente. O perigo maior é a impressão de que não há perspectivas de melhora – um grande engodo psicológico que prega peças em muita gente, fazendo crer que situações estão fadadas ao total fracasso, quando, em verdade, são perfeitamente resolúveis. Duvide sempre do desespero. Nunca acredite em vaticínios irremissivelmente trágicos. Por detrás de toda desgraça há sempre uma semente de renovação. Procure encontrar o gérmen de vida, em meio à morte da destruição, e descobrirá os elementos genéticos de uma nova fase de construção em sua existência.Pense duas vezes antes de se revoltar. Nunca creia totalmente nas insinuações do pessimismo. Pessimismo nada tem a ver com realismo. Existe uma ideologia falsa, que pervaga fortemente em algumas nações, entre elas o Brasil, de que tudo está cada vez pior. Isso é uma estultícia sem tamanho, e é de estranhar que justamente nos meios acadêmicos ela possua mais força. Dê uma rápida olhadela na História e verá como os otimistas sempre acertaram (da idéia de república grega aos inventos de Leonardo da Vinci), embora nem sempre no tempo e da forma como imaginavam que obteriam êxito em suas previsões; ao passo que os pessimistas, como Malthus e seus seguidores, têm, sucessivas vezes, caído em malogro.
Não obstante apresentar essas assertivas a respeito do pessimismo, há pessoas que ficam satisfeitas em comprovar sua filosofia de negatividade, em suas vidas, materializando, com mórbida satisfação, as ocorrências nefastas que profetizam. São almas infelizes, auto-atormentadas, e que sentem um prazer quase satânico em espalhar maus augúrios.
Não se filie a esse colégio. Prefira a felicidade. Não faz sentido procurar motivos para o desgosto. E, como a lei da vida é de se receber o que se procura, mil razões e complexos raciocínios, bem elaborados e fundamentados, surgem para respaldar as teses mais absurdamente disparatadas, mas negativas, dando a seus expoentes e seguidores a idéia clara de que estão certos, ‘inda mais por ser tão fácil ser negativo, num mundo onde ainda predomina a negatividade.
Reme contra a maré: não aceite ser manietado pelas forças hipnóticas da cultura materialista, pessimista e trágica que ainda prevalece nos dias que correm. Não aceite ser manipulado subliminarmente por interesses mesquinhos externos que não condizem, em absolutamente nada, com os seus. Seja livre, e autoproclame sua felicidade. Ninguém deve ter poder para roubar-lhe a alegria. Seja lúcido e pense por você mesmo, analisando as questões da ótica mais saudável que descobrir; e, com toda certeza, o prisma da negação não será daqueles mais recomendáveis.
Jesus pregou a felicidade, ao dizer que seu Evangelho era uma “boa nova”. A palavra felicidade – do latim: “fe licitas”, fé genuína, verdadeira – já revela o que dizemos. Exortações como “regozijai-vos”, “alegrai-vos”, “rejubilai-vos” enchem os textos sagrados do Novo Testamento, a perder-se de vista. O próprio Cristo propugnou, a todo momento, por uma vida de abundância. “Eu vim para que todos tenham vida e que a tenham em abundância” – e, quando fez referência a cada um tomar sua cruz e segui-l’O, muita gente esqueceu-se do essencial: a crucificação do Mestre foi um martírio que durou algumas horas, enquanto a “ressurreição” que a seguiu foi uma conquista de júbilo e plenitude para séculos e séculos sem-fim. Antes e depois das poucas horas de martirológio, Jesus propalou a idéia da alegria, da Vida, da vitória sobre a morte. Chamou a todos para seguirem-n’O rumo à ressurreição perene, e a multidão doentia se fixou nos horrores da cruz, a ponto de – perversão das perversões dos princípios cristãos – aporem o madeiro ignóbil como símbolo máximo das idéias d’Aquele que, em nenhum momento, pregou a dor ou o martírio: “Misericórdia quero e não sacrifício”.
Saia, imediatamente, do culto ou da submissão à dor. Jesus e as Forças Divinas que O representam e que Ele representa não querem de modo algum seu sofrimento. A dor é uma lição-estímulo que deve ser assimilada na medida exata e mínima a que nos modifiquemos para melhor e passemos à nova vivência de exultação, alegria, produtividade, transformação e vida. Qualquer conduta que fuja a esse princípio é uma lamentável deturpação dos conceitos originais propostos pelo Cristo, bem como pelos demais luminares da Humanidade. Buda, por exemplo, construiu toda sua magnífica doutrina em cima de um princípio basilar: lutar contra o sofrimento humano e eliminá-lo. E o que fizeram muitos de seus epígonos? e o que pensam milhões de reencarnacionistas por toda parte? Que o “carma” é um conjunto de padecimentos fatais que vêm como cobrança, no presente, por um passado ignominioso. Adulteraram completamente a razão de ser do mecanismo cósmico da Lei de Causa e Efeito, que é ensinar o que não foi compreendido, expandir a consciência e conduzir o indivíduo a um nível mais alto de percepção, de entendimento e de vida!…
Ninguém está fadado a coisa alguma! Tudo pode ser alterado, conforme o comportamento e as disposições íntimas de cada alma. O objetivo das Forças de Deus é promover o progresso e a plenitude de todas as suas criaturas, e não fomentar “resgates” ou “cobranças” de “débitos”. É essa uma deplorável – permitimo-nos repetir – perversão dos conceitos que deveriam libertar a humanidade, e não oprimi-la. Sofre-se hoje de acordo com o que se fez sofrer ontem, mas apenas no limite do estritamente necessário para o próprio aprendizado, sendo que a pessoa pode simplesmente “pagar” a “dívida” com a ordem do Cosmos fazendo o bem, e não sofrendo o mal.
Paremos com esses raciocínios e idéias tacanhos, obscurantistas, medievais, sobre o Divino e Suas Leis. Compreendamos que o Criador é Infinita Bondade e não dá nem um pouco de importância aos pruridos humanos de revide ou mesmo a seus pouco dissimulados impulsos selváticos de vingança. Quem diz: “Ele(a) vai ver… vai pagar por isso…” pode se surpreender, pagando ele próprio, por estar presa de pensamentos tão subalternos. Deus não está preocupado em se imiscuir nas baixezas dos sentimentos vis de suas criaturas humanas. É hábito de nossa psique realizar o que se chama, em moderna psicologia, de projeção psicológica: vemos no Criador o que temos em nosso próprio coração, envilecendo-O, ao invés de nos sublimar. Já se disse outrora que Javé era sequioso pelo “sangue” dos “inimigos de Israel”. Hoje, uma versão moderna dessa “blasfêmia” inqualificável pervaga, através de toda sorte de pregação da dor, da fatalidade do castigo inexorável, como a indescritível estupidez de um inferno de sofrimento perene (os Evangelhos falam de “fogo eterno”, usando um termo grego que significa “de longa duração” e não perpétuo, conforme o vocábulo “eternidade” induz a crer) e mesmo os sutis desvirtuamentos do culto à “santidade” do sacrifício. Não há santidade alguma no sacrifício, porque ele é insano; e não pode haver santidade sem sanidade. As almas santas e angelicais, que se devotam ao extremo, fazem-no por amor, que as preenche de alegria e de êxtase, e não por espírito de sacrifício.
Quem quer precipitar processos, parecendo o que não é ou tentando se converter no que não se coaduna com sua estrutura evolutiva, está tentando “arrebentar as portas do Céu”, e sofrerá cruéis decepções, assim como, na passagem evangélica do festim de núpcias, o convidado vestido inadequadamente é lançado “às trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes”.
Ai daqueles que pregam a dor, quando deveriam propalar a felicidade… que fazem “guerra santa” em nome do Ser Todo-Amor, ainda hoje. “Pagarão” alto com sua própria infelicidade, ao escolherem essa ótica de vida. Pensam que só os outros sofrerão, e não percebem como são, sub-repticiamente, tragados por um polvo sinistro e devorador, sendo arrastados para o interior macabro de sua garganta tétrica… Ai deles, porque, como disse Jesus, é necessário que haja o escândalo – o maior de todos: ir-se contra o princípio natural do prazer, da satisfação e da felicidade –, mas ai daqueles por quem vem o escândalo…
(Texto recebido em 6 de outubro de 2000. Revisão de Delano Mothé.)