por Delano Mothé.
Tu, que segues com o coração combalido, esgotado em tuas forças por te soergueres após tantos tropeços e quedas reiteradas, na luta inglória por dissipar o torvelinho de vozes que já sabes contrárias aos teus ideais mais subidos, aos compromissos mais caros à tua alma, volta ao eixo sagrado de teu ser, através da oração sentida, em devoção fervorosa e entrega incondicional ao Seio Materno Todo-Acolhimento e/ou Regaço Paternal de Segurança e Provimento Infinitos, pois que, recorrendo ao bálsamo da busca incansável de comunhão com a Fonte Divina de Amor Inesgotável, em quaisquer crises da existência humana, se não encontrares o refrigério imediato para tuas urgências físicas, emocionais, psicológicas ou espirituais, sorverás recursos e energias renovados, logrando também a receptividade imprescindível à luz da intuição, que te desanuviará a percepção, clareando-te os caminhos, de molde a que, por meios inesperados, surpreendentes, imponderáveis, vislumbres, logo adiante, a solução de tuas pendências evolutivas, ou mesmo te depares, como que por encanto, com a completa superação do mal-estar antes considerado insolúvel.Importa que não esmoreças em teu empenho por continuar oferecendo o melhor de ti ao mundo, ainda que calando dores lancinantes nos recôncavos de tua alma, a te comprimirem o peito e dificultarem-te o movimento de estender das mãos em benefício de teu próximo mais necessitado – e sempre os há, muito mais numerosos do que supões –, no gesto salvador de atenção e conforto, doação e compaixão, que, antes de ser lançado em direção a teu beneficiário, ativa potenciais divinos de cura e transformação, jazentes no imo de ti próprio, impregnando-te primeiramente com as bênçãos que te permites canalizar aos irmãos em humanidade.
Lembra-te, no entanto, prezado amigo, de cuidar de teu próprio cosmo interior, com a mesma disposição fraternal e caridosa que procuras devotar aos semelhantes à tua volta, exercitando o autoamor em todas as situações. Os lances mais ousados de renúncia e esquecimento de ti mesmo podem e devem ser vivenciados com o júbilo de saberes estar atendendo aos reclamos mais sagrados do coração, que, para ser ouvido, precisa antes ser valorizado, nutrido em profundidade, para que lhe não faltem forças a sustentar os voos audazes rumo às Alturas. Lazer, repouso, prazer, descontração, conforme tuas disposições e preferências pessoais, alternados aos momentos de serviço, esforço, dedicação, disciplina, propiciam-te dissipação do alvoroço emocional-mental, revigoramento de energias, renovação de propósitos, aclaramento de rotas, alinhamento com a essência divina que te anima.
Recorda-te, ainda, caro condiscípulo, de que tudo que vivencias não passa de projeção e materialização de tuas próprias necessidades evolutivas, no inarredável atendimento ao impulso imanente à transcendência, que propele, ad infinitum, toda a criação ao Criador. Fica certo de que, a despeito do grau de tuas resistências a sintonizar com os mananciais de abundância e generosidade da Vida, tu recebes apenas o mal indispensável ao teu despertar emergencial, inadiável, face ao bem sempre magnificamente transbordante que te repleta a existência. Muda, por um relance que seja, o foco de tua percepção e, assim… aprecia a beleza de uma pétala singela, em seu espetáculo de perfume, cor, forma e textura; enternece-te com o sorriso de um bebê ou a fofura e docilidade de um bichinho; sensibiliza-te ao escutar uma composição inspirada e relaxante, no entretecimento harmonioso dos sons musicais, insondáveis em suas interações e conjugações transcendentes; entrega-te ao deleite de sentir o toque da areia aos pés, o afago da brisa à face, o marulhar das águas à acústica auditiva, o calor ameno do Astro Rei a envolver-te o corpo, em pleno pôr do sol à beira-mar, com a vastidão do horizonte a falar-te de Deus e Seus Infinitos… Contempla a harmonia da vida, encantando-te com tudo quanto já consegues assimilar pelas vias luminescentes do coração…
Os mimos da existência estão por toda parte; tudo te conclama à plenitude, quer estejas nas culminâncias dos Fluxos de realização e criatividade, quer te encontres nos vales de aprendizado e transmutação mais acerbos. Como herdeiro do Legado Supremo: a felicidade perfeita, em termos relativos – portanto, já desfrutável de agora(!), na perfeição relativa que te seja possível –, só te cabe suspender qualquer ordem de lamentação-depreciação herética diante das Obras do Criador, a fim de que, começando por reverenciar o Anjo latente em tua própria intimidade, celebres incessantemente a Vida, em todas as singularidades da gloriosa ascensão espiralada aos Altiplanos Celestiais.
E, então, de consciência sã e lucificada, dirige todo o louvor e gratidão, pelos dilemas existenciais já desvendados, lições apreendidas e vitórias conquistadas, bem como por todas as dádivas de bem-aventurança que, incontáveis, te aguardam no porvir ridente, eternidade afora, à Misericórdia de Nossa Senhora e à Magnanimidade de Nosso Senhor, Cristos Maria e Jesus, que, sob a Cruz de tormentos inconcebíveis e dores inomináveis, ante o vácuo abissal da insensibilidade e ignorância humanas, jamais deixaram de nos estender as Mãos Salvadoras, sustentando-nos em cada circunstância, conduzindo-nos, compassiva e incondicionalmente, a searas de paz e felicidade imperturbáveis, com vistas ao contributo sublime que nos compete ofertar progressivamente ao mundo: a manifestação personalíssima do Amor Divinal, desde sempre patenteado em nossa origem-natureza-destinação rutilante – filhos do Altíssimo Sempiterno, em auto-cocriação infinita, à Excelsitude de Sua semelhança.