por Delano Mothé.
Vazio na boca, no peito, na alma
A morte quase tudo leva
do que não mais satisfaz
Resta pouco ou nada
quando de tenra fronde
um fruto se arranca
assim, de vez
Tudo é uma questão de vida ou morte
quando desembesta o coração
Quer-se a vida não se aguentando
de pulso forte, beirando o enfarte
mas insustentável é qualquer coisa vã
neste mundo mutante
que gira lento nas paralisias
e nas vicissitudes rodopia flagrante
Deparo-me mero espectador
das indiferentes rodadas do globo
pois que contido o vigor
de avalanche, tufão, maremoto
daquilo em que me resumo: desejo
Força primária e urgente
esta que me sucumbe no cerne
É violento afeto tão dócil
Ternura é capaz de muito mais
do que supõe a atroz truculência
Doçura a se fazer cristalina
isenta dos fugazes rompantes
Eis que chega a morte
com viço e energia no corte
Sua foice quando ceifa o trigo
é para que se alimente a vida
A filosofia é boa de se ouvir
mas tão pouco alivia o porvir!…
O mundo chora turvas lágrimas
Meus olhos compartilham do mesmo líquido e emoção
que vagam pelo rosto impassível
letárgico de quimera malsã
e se perdem na penumbra de uma tarde
no ocaso de minha apegada ilusão
As Leis de Deus brotam da flor
que desabrocha no coração da dor
e cada pétala me é imprescindível
como o são também os espinhos
lâminas que me afagam na essência
e moldam a escultura da existência
Gema polida em forma e cor
para que reluza em excelência
esculpida em frutescência
a Luz do Amor
(Poema composto originalmente em 27 de fevereiro de 1998, com substanciais adaptações e aprimoramentos conceituais, em 30 de setembro de 2010, propiciados pela misericordiosa inspiração dos Mentores Espirituais de nossa sagrada Escola Espiritual-Cristã de Sabedoria e Felicidade. Nossa gratidão eterna àquele que nos abre as Portas Celestiais, nosso Professor encarnado Benjamin Teixeira de Aguiar, por seu perseverante ministério de amor e serviço ao Bem comum.)