Representação da Transfiguração de Jesus Cristo, Símbolo de Sua Luz Prodigiosa.
por Delano Mothé.
Já correndo o risco de soar fastidioso, com tamanho bombardeio argumentativo, não poderíamos nos esquivar das conclusões auferidas pelo já célebre Dr. Masuro Emoto, cujos experimentos nos desvendam, através de um microscópio específico (de campo escuro), que as moléculas d’água se alteram dramaticamente, conforme os impulsos psíquicos a que são expostas (incluindo os gerados ou representados por música, poderosa em seus efeitos indutores de bons ou maus estados de espírito), durante certo período de tempo – no caso da pesquisa em foco, de acordo com os registros da coleção “Quem Somos Nós? – Quantum Edition”, a água ficou sob a influência tão somente de palavras impressas em rótulos afixados à superfície de seus recipientes, no transcurso de apenas uma noite…
Sentimentos-pensamentos-intenções construtivos, como amor, bondade, gratidão (meramente simbolizados em expressões grafadas, mas suficientemente capazes de gerar ao seu redor as vibrações superiores que lhes são concernentes), embelezaram as estruturas moleculares da água, tornando-as peculiar e primorosamente cristalinas, exuberantes, harmônicas, luminosas. Emoções-ideias-ímpetos destrutivos, viciados de ódio, rancor, virulência (igualmente apenas registrados por escrito junto ao vaso d’água, mas reverberados nas consciências dos que, encarnados ou desencarnados, isto é, no campo físico ou fora dele, se afinam com tais sugestões inferiores), descaracterizaram-nas drasticamente, corrompendo-lhes a natureza básica e convertendo-as em manchas disformes, opacas, sombrias, como que representando assustadores gritos de horror – vide ilustração abaixo..
Considerando que o elemento constituinte principal do corpo humano é a água, correspondendo a mais de dois terços (por volta de 70%) de sua composição, e que estamos completa e permanentemente engolfados nos próprios sentimentos, pensamentos, emoções, intenções, imaginemos o quadro que criamos e, com o tempo, consolidamos em nossa intimidade molecular, a refletir-se inarredavelmente em todos os escaninhos de nosso ser!…
A realidade fundamental da Vida, amigos, é a Consciência – entenda-se: o Centro Sagrado no interior de toda criatura senciente, a promover e conduzir os processos evolutivos, de despertar contínuo do princípio inteligente, irrevogavelmente destinado à sabedoria e ao amor universais, pelos trâmites da integração e harmonização progressivas dos vários feixes que compõem a totalidade intrincada do ser humano (físicos, emocionais, psicológicos, mentais, espirituais), de molde a que as sombras da ignorância e insensibilidade paulatinamente se convertam na luz do pleno autoconhecimento, à medida que se avance na trilha da autorrealização profunda e completude no serviço ao Bem comum, em perfeito diapasão com os Fluxos da Vida, que a todos reserva a bem-aventurança, nas espirais transubstanciadoras do tempo, sob a Lei de Justiça e Bondade Soberanas do Criador…
Em torno d’Ela – a Consciência – é que se dão todos os fenômenos, inclusive os ditos “físicos”, que nada mais são do que desdobramentos do pensar-sentir do Espírito, em níveis e dimensões diversos de expressão, na resultante das relações entretecidas com o Si-mesmo, com os semelhantes e com o Todo, em meio a uma gama inextricável de ondas mentais interfundidas e “metabolizadas” nos recessos do Órgão social que compomos e de que somos parte viva.
Jesus de Nazaré, Figura Histórica Seminal e Imorredoura para a civilização humana, Voz Máxima da Sabedoria e do Amor para o orbe, operava (e opera) neste limiar transcendente da verdadeira realidade, em que todas as possibilidades coexistem em potencial e podem se manifestar no mundo qual o conhecemos. Como Consciência plenamente afinada com os Desígnios Divinos, autorizada, portanto, a tudo fazer em Nome da Inteligência Suprema do Universo, o Cristo atuava (e atua) com Total Poder sobre os domínios material, semimaterial e imaterial que O circundavam, reconstituindo a saúde física e até mesmo a vida orgânica, calando as tempestades, multiplicando pães, dissolvendo processos obsessivos, libertando e transformando corações para o Pai-Mãe Celestial. Seus Prodígios, inacreditáveis e ainda inexplicáveis para a iniciante Ciência na Terra (conquanto a Física Quântica já aponte, mesmo que primariamente, para o que aqui tangenciamos), davam-Se no âmbito do Espírito, o fulcro consciencial (reiteremos) desencadeador de todos os eventos e fenômenos na dimensão mais condensada de existência: esta que constitui (reforcemos) a faixa vibratória da matéria menos sutil ou mais compacta, que se nos apresenta perceptível aos sentidos físicos, cujos órgãos que a captam também vibram neste mesmo padrão energético – mera questão de sintonia e compatibilidade vibratória: a realidade espiritual, assim como a luz ultravioleta, permitam-nos o didatismo talvez exagerado, são invisíveis aos olhos humanos, por se encontrarem numa frequência diferençada, demasiado alta, inacessível ao sensório vulgar.
A propósito, já que voltamos a falar em sentidos, caberia um último questionamento quanto ao qualificativo “físicos” que se costuma atribuir, em caráter excessivamente restritivo, a tais faculdades perceptivas humanas. O prazer em degustar uma fruta apetitosa preferida (ou, para os paladares menos afeitos à frugalidade: uma iguaria preparada com requintes de sofisticação e desvelo), legítima obra-prima de textura, aroma e sabor, a brotar espontânea do ventre da Mãe-Terra!… a delícia de sorver a fragrância da corola de uma rosa ou doutra flor perfumosa, entre tantas, todas obras-primas olfativas da Natureza!…. o deleite com a delicadeza do toque aveludado de uma pétala, ou com a carícia de gotas d’água tépidas sobre o corpo ao banho, ou com a suavidade mimosa da pele de um bebê, obras-primas da Tecelagem Divinal!… o encantamento com o pôr do Sol ou com o alvorecer, obras-primas da Imensidão Cósmica!… o arrebatamento com a apreciação de uma peça musical favorita, obra-prima oriunda da Fonte Celeste de Harmonia e Beleza, Magia e Poesia, Inesgotável em suas infinitas possibilidades de deificação da união mística de som, silêncio, sentido e significado, “colapsada” pelas mãos cocriadoras do gênio da composição, para o desfrute inefável dos ouvidos e corações mais sensíveis!… O que há de físico nessas sensações, ou, melhor dizendo: sentimentos, ou, ainda melhor: transportamentos (a estados elevados de consciência)?!… – perguntaríamos, de todo coração, aos amigos leitores menos receptivos às nossas propostas espiritualistas.
A Vida é divina em cada nota de singeleza! Os filtros refratários dos limitadíssimos cérebros humanos, entretanto, somente Lhe podem decifrar vislumbres de grandeza, beleza e sacralidade que lhes sejam compatíveis aos arcabouços intelecto-moral-espirituais. Com efeito, há aqueles que se impressionam muito pouco com os infinitos e inaquilatáveis Mimos da Criação, como almas menos amadurecidas no carreiro evolutivo que são, muito regidas ainda pelas imposições subalternas de suas origens animalescas (ressaltando que existem também os aspectos benévolos e construtivos desta força primária que todos compartimos, como egressos do reino animal), a vaguearem sob o talante de sensações inferiores, preocupadas demais em atender a instintos básicos de sobrevivência e a necessidades fisiológicas tão só. Outros há, porém, viajores mais avançados no caminho de espiritualização de si mesmos, que, já tendo vencido longos períodos de aprendizado, em marcha mui gradativa, mas persistente e sempre exitosa, para Frente e para Cima, se sensibilizaram bastante para viverem o enlevo íntimo do alinhamento com os ditames da própria consciência, a voz dos sentimentos mais nobres, altruísticos, prelibando, com isso, os primórdios da antecâmara do Paraíso, ao contato de partículas que sejam da Graça imperturbável dos Anjos, os AutoIluminados que já Se conseguem ver permanentemente envoltos e permeados por Milagres, em Páramos intraduzíveis de Captação e Partilha da Luz de Deus.
Coloquemo-nos genuflexos diante da Consciência, o “Reino dos Céus dentro de nós”, que nos reclama expansão, complexificação, transcendência, plenitude, rumo a patamares cada vez mais subidos de incorporação e vivência da Verdade-Sabedoria, a nos desvelarem a Infinita Magnanimidade e Perfeita Providência do Altíssimo, em todas as particularidades e minúcias da ascese evolucional.
Dessarte, e apenas assim, poderemos nos realizar em profundidade, desenvolvendo, gradual e seguramente, a quintessência da inteligência humana: o senso moral, o juízo de valor, a capacidade de encontrar sentido e propósito existenciais (a função sentimento-intuição – ousemos geminar esses conceitos-perfis de personalidade, conforme a terminologia junguiana), para que nos capacitemos a facear a Presença do Próprio Criador, em quaisquer pessoas, eventos ou situações, pequeninos ou grandiosos, porquanto Ele-Ela de fato está em toda parte, propiciando, nutrindo e regendo a Vida em suas infindáveis manifestações, atraindo para Si todas as criaturas, “do átomo ao Arcanjo” (2), imantadas por Suas Irradiações Sagradas e Reverberações no imo de cada ser… a nos impelirem todos, irresistivelmente, por Força do Teotropismo de Seu Amor e Justiça Incognoscíveis, ao Seu Seio de Mãe-Pai Acolhedora-Educador, até o mergulho final na Eternidade: o completo desabrochar da divinidade latente no coração humano… o êxtase, o arrebatamento, a ventura inimagináveis de cocriar com Deus, em consonância cristalina com a Sua Glória – a Fraternidade, Paz e Felicidade universais.
(Texto redigido neste primeiro semestre de 2011.)
(1) Este ensaio, embora aqui seja publicado em fascículos (em vista de sua extensão), foi originalmente concebido inteiriço. Na próxima semana, postaremos sua versão completa, para os que desejarem relê-lo por inteiro.
(2) Referência à questão n° 540 de “O Livro dos Espíritos”, compilado pelo preclaro Allan Kardec.